terça-feira, 6 de abril de 2010

Gandhi...

Un giorno, un pensatore indiano fece la seguente domanda ai suoi discepoli:
"Perché le persone gridano quando sono arrabbiate?"
"Gridano perché perdono la calma" rispose uno di loro.
"Ma perché gridare se la persona sta al suo lato?" disse nuovamente il pensatore.
"Bene, gridiamo perché desideriamo che l'altra persona ci ascolti" replicò un altro discepolo. E il maestro tornò a domandare: "Allora non è possibile parlargli a voce bassa?" Varie altre risposte furono date ma nessuna convinse il pensatore.
Allora egli esclamò: "Voi sapete perché si grida contro un'altra persona quando si è arrabbiati? Il fatto è che quando due persone sono arrabbiate i loro cuori si allontanano molto. Per coprire questa distanza bisogna gridare per potersi ascoltare. Quanto più arrabbiati sono tanto più forte dovranno gridare per sentirsi l'uno con l'altro. D'altra parte, che succede quando due persone sono innamorate? Loro non gridano, parlano soavemente. E perché?
Perché i loro cuori sono molto vicini. La distanza tra loro è piccola. A volte sono talmente vicini i loro cuori che neanche parlano, solamente sussurrano. E quando l'amore è più intenso non è necessario nemmeno sussurrare, basta guardarsi. I loro cuori si intendono. E' questo che accade quando due persone che si amano si avvicinano."
Infine il pensatore concluse dicendo: "Quando voi discuterete non lasciate che i vostri cuori si allontanino, non dite parole che li possano distanziare di più, perché arriverà un giorno in cui la distanza sarà tanta che non incontreranno mai più la strada per tornare."
- M. Gandhi -

terça-feira, 30 de março de 2010

Lembranças da minha estreia em NY

Caros amigos,
estou aqui, no dia seguinte a minha estreia em NYC, para tentar traduzir em palavras algumas das emoções vividas ontem. Primeiramente quero agradecer a Simone Leitão, amiga e colega maravilhosa, e o Frederico Gouveia, um produtor profisional e pessoa sempre disponivel e sensivel.
Chegar aqui, em NY, na noite antes do concerto de estreia nesta cidade não foi facil: muito cansaço, e medo que algo possa não dar certo, mas já na manha de ontem, durante o ensaio na Steinway... me acalmei bastante, pois percebí que apesar dos dois dias inteiros passados voando pelo mundo (Espanha/Brasil e Brasil/EUA) minhas condições eram boas.
Agora... a noite, tive a primeira grande surpresa em ver que o local do concerto era realmente algo especial: a "Americas Society" é uma sociedade fundada para a divulgação da cultura e arte da America latina nos EUA. O predio, antigo e elegantissimo, já foi uma casa particular da aristocracia do inicio do seculo passado: marmores, colunas, estantes de madeira, livros antigos e nas paredes as fotos de Borges, Garcia Marquez, Jorge Amado... uma atmosfera especial, intima, para uma verdadeira noite de musica de camara.
Outra surpresa: no publico, o grande escritor americano Tom Wolfe, com a esposa, e o embaixador brasileiro em New York, também com esposa.
Fiquei feliz pela recepção que as duas peças brasileiras tiveram, mas não duvidava, pois a 1 Sonata de Villa Lobos é uma graça, e a 5 de Guarnieri uma feliz descubertas para quem não conhece o mundo musical desse composidor. Alias, fiquei muito feliz em saber, apos o concerto, que algumas pessoas julgaram o segundo movimento da Sonata de Guarnieri como o ponto alto da noite. E devo dizer que é musica linda mesmo.
Na segunda parte, a famosa Sonata de Cesar Franck.
Muitos convites já para o futuro, mas a grande felicidade é saber que contribuimos em deixar preciosas lembranças musicais para aqueles que assistiram ao concerto.
Em nós musicos, fica a sensação que foi um privilegio tocar grande musica, em uma grande cidade, para um publico
maravilhoso.

segunda-feira, 29 de março de 2010

New York

Hoje, 29 de março 2010, meu primeiro recital em New York.
Daqui a poucas horas deixarei meu hotel em Manhattan, para ir no ensaio geral, na "Americas Society", com a pianista Simone Leitão. Em programa, musica brasileira (Villa-Lobos, Camargo Guarnieri e Mignone) e a Sonata de Cesar Franck.
Tocar em New York é um sonho, talvez ainda não caiu a ficha dentro da minha cabeça. Amo de paixão essa cidade, onde tradição e modernidade vivem juntos em uma harmonia perfeita. Hoje de manha, outro ensaio na Steinway, do lado da Carnegie Hall. Só entrar naquele predio, ver aquela cupula, as escadas, as colunas... só isso deixa de boca aberta; depois, subir e começar o ensaio na pequena sala nomeada "Rachmaninov hall"... também dá um frio na barriga...
Mas o sentimento que de longe é prioritario nesses dias é de felicidade, felicidade por ter alcançado mais uma etapa da minha vida musical. Acredito que merecida, mas também com muita ajuda da sorte que me acompanha sempre, e que espero não vire as costas muito cedo...
Obrigado por todos aqueles que sempre me apoiam e seguem minha carreira!!!
Emmanuele

terça-feira, 23 de março de 2010

O tempo...

... pode ser o amigo melhor de um homem, mas ao mesmo tempo e facilmente pode se tornar o pior inimigo. Pode ser muito, se bem utilizado, ou sempre insuficiente, se deixado rapidamente escapar.

Pensando na vida, no trabalho, quanto sabemos organizar, dividir, desfrutar as horas que temos durante um dia? Não podemos, especialmente em uma "missão" como é aquela do artista, deixar de dedicar horas e horas trabalhando e procurando cada vez mais no profundo de uma obra de arte, mas ao mesmo tempo não podemos sacrificar a familia, a esposa, os filhos, pois eles são nosso mundo e eles nos doam a felicidade mais plena, que ajuda também servir melhor a propria arte.

Sei que muitos dizem que o artista deve ser infeliz, que o artista não pode ser equilibrado, não pode ter uma vida regular; isso é um resultado e uma herança da velha bobeira "genio e sregolatezza", como se fosse impossivel ser feliz, racional, equilibrado, e ao mesmo tempo uma alma creativa, cheia de ideias... sinto muito, mas eu acho que uma pessoa profunda pode doar muito a propria arte sendo infeliz ou sendo profundamente feliz. O meio termo é que não funciona...

Então dedicar mais tempo aos filhos, ou a propria esposa, não significa tirar tempo da arte!!! Significa que descubrimos como aproveitar de cada minuto dedicado ao nosso estudo, e que descubrimos também, e sobre tudo, quanto enriquece a alma estar sentados em frente ao sorriso da pessoa amada.

Um corte de cabelo diferente...

... sei que não parece um argumento serio, porem garanto que ganhei meu dia com isso. Não lembrava mais como era cortar cabelo em um daqueles lugares simples, pequenos, geralmente com uma pessoa só trabalhando (quase sempre o dono, e quase sempre, não sei porqué, velho) e silencioso.
Nesses anos, me acostumei, na Italia como no Brasil, em lojas modernas, com atendentes, muitos funcionarios, horarios respeitados, enfim... perfeitos!!!
Porém...
Tinha esquecido da simples esperiencia de entrar em um lugar silencioso, com perfume de after-shave, com um idoso de oculos lendo o jornal esperando por mim, e finalmente, o corte. NÃO TINHA MUSICA!!! Ja isso seria suficiente para lembrar para sempre este lugar, nada que atrapalhasse o silencio e o discreto som das cesoras cortando, do respiro do desconhecido e do meu. Algum carro na rua passando, mas nada demais que podesse interferir nessa intimidade. A ausencia de musica de fundo me pareceu deixar reviver a musica verdadeira, aquela dos pequenos gestos. Lembrei-me muito de onde, as vezes com meu irmão Raffaele, eu ia cortar cabelo quando era criança, no bairro onde morava na Italia, e onde ainda meus pais moram...
Uma meia hora prazerosa, voando entre lembranças e sensações simples e velhas como o mundo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Ultimos dias do hotel "Tropical da Bahia" - carta aberta aos funcionarios

Caros funcionarios do hotel "Tropical da Bahia",

em 2004, antes ainda de resolver me mudar para o Brasil, fiz uma viagem com aquela que atualmente é minha orquestra (OSESP, Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo). Nessa turné tive a oportunidade de conhecer quase todas as capitais do Brasil. Em Salvador, na minha primeira visita a cidade, fiquei no "Tropical da Bahia".

A partir do ano seguinte, já residente no Brasil, minhas viagens para Salvador foram ficando muito frequentes, e minha etapa fixa na cidade era o Tropical da Bahia. Tinha algo, nesse hotel que me deixava a vontade, quase me sentindo em casa, mas acoma de qualquer consideração sobre a estrutura, sobre a piscina e bla bla bla... acima de tudo isso, estava a simpatia, os sorrisos, a disponibilidade de voces. Lembro uma semana, acho em 2008, em que viajei 4 vezes em 6 dias entre Salvador e Aracajú, sempre chegando aqui de madrugada, e sempre acolhido pelo sorriso de voces.

Recebi' a noticia que essa seria minha ultima estadia no hotel, e que a partir do domingo dia 7, Salvador não terá mais o hotel "Tropical". Acreditem que fiquei triste e decepcionado, e sinto-me muito triste por voces também.

Inúmeras são as lembranças que deixo nesse predio, todas ligadas aos meus primeiros 5 anos no Brasil, e todas marcadas profundamente pelo sorriso e gentileza de voces. O carinho dos funcionarios de um hotel não está incluido na diária, é algo impagavel e algo que fica pra sempre na memória.

Desejo de coração uma boa sorte para todos voces, queria enviar um abraço a cada um, mas via internet posso somente dizer que vou lembra-los.

Obrigado.

Emmanuele Baldini

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

COMPLETANDO O POST ANTERIOR...

... isso explica mais de mil palavras...

http://www.youtube.com/watch?v=co-9OHZOGQs&feature=grec

Simplicidade

Estava hoje escutando um famoso violinista da atualidade tocando o Concerto de Mendelssohn e algumas transcrições de canções feitas por ele mesmo. Violinista famoso: solista, camerista, escritor, organizador de eventos... nele se reúnem as caraterísticas todas do "moderno musico de sucesso": hoje é impossível chegar a uma notoriedade mundial ( e mante-la... ) sem ser extremamente experto no "management".
Voltamos ao violinista, e tentamos isolar o aspecto musical. Não precisaria dizer que, tecnicamente, eu estava ouvindo um instrumentista de primeira qualidade, pois isso na atualidade é uma "conditio-sine-qua-non" do sucesso; mas o que me impressionou, e o que me levou escrever essas poucas palavras, é a falta total de simplicidade; parece que para ser "musical", hoje, precisa jogar na cara de quem está ouvindo um exagero de vibrato, de barrigas nas notas, de contrastes que chegam enjoar. Tudo tem uma tendéncia ao exagero; ou temos "músicos" tão frios que não conseguem emocionar nem nas musicas mais meladas, ou temos quem sabe ser musical exagerando em tudo, e quase "impondo" a musicalidade dele, como se ele tentasse acordar os ouvintes para mostrar toda a profundeza da mensagem que ele tem dentro de si mesmo.
Veio-me na cabeça a nobre arte do David Oistrakh, do Leonid Kogan, do Arthuer Grumiaux, do Henryk Szeryng, e, para outros instrumentos, de Claudio Arrau, de Arthur Schnabel, de Clara Haskil, de Enrico Caruso, de Beniamino Gigli, de Pierre Fournier, de Toscanini, de Furtwaengler....
Quantas emoções eles deixaram no ar dos muitos teatros visitados, e quantas, até hoje, vivem na memória dos sortudos que tiveram a oportunidade de ouvi-los ao vivo; quantas lagrimas já desceram do meu rosto, ouvindo com concentração máxima as gravações que nos deixaram... Uma arte em extinção, feita de simplicidade, de elegancia, de refinamento... uma arte simples, humilde, que não precisa se mostrar mais do que já é.
Pensando nesses "grandes" do passado, não posso não perceber que o desafio mais difícil, hoje, é manter a simplicidade de um musico "amador", ou, manter aquele amor simples e verdadeiro pela musica que foi o responsável pelas minhas escolhas de vida anos e anos atrás...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Missão

Voltando ao Brasil, estou dedicando esses primeiros dias de "choque térmico" (dos -7 de New York aos 32 de São Paulo) para preparar minha cabeça a enfrentar os próximos meses. As vezes, no meio de uma temporada, com muitos concertos com a orquestra, muitas viagens para tocar como solista ou em musica de câmara, aulas, esqueço-me da raiz de tudo: a verdadeira motivação do que estou fazendo. Mas quando o mundo da "produção musical" faz um intervalo, e quando um ser humano volta ter a possibilidade de PENSAR MAIS, volta em mim a sensação da minha missão, desse difícil papel de ser um "mensageiro" que tem o privilégio e a responsabilidade de levar para quem quer ouvir (e para quem SABE ouvir) as grandes obras de arte na musica. E para fazer isso com dignidade, para servir a musica com honestidade, humildade, conhecimento e profundidade, a dedicação tem que ser total, e não conhecer pausas, além daquelas da própria musica.
Hoje eu lí uma frase que define perfeitamente o sentido da minha missão:
"Di tutto il mio lavoro, l'atto per me più importante consiste nell'offrire a una comunità di voci ben educate all'armonizzarsi fra loro, un'ulteriore opportunità per “trarre” del nuovo da ciò che ci è rimasto della tradizione." - C. Ronco
Achei lindo, profundo e verdadeiro. Amo essas tres palavras quando podem existir juntas, é como se "estética", "metafísica" e "ética" se unissem em uma única voz, para sublimar a musica.
Abraços, Emm.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Arizona's news

Finalmente volto escrever algo, para compartilhar com os amigos alguns acontecimentos da minha vida musical.
Estou na Arizona, mais precisamente em Paradise Valley, perto de Phoenix. Cheguei na sexta feira passada, e estou ensaiando diariamente com o amigo e grande musico Caio Pagano e com o clarinetista Carlos Alves. O programa do concerto (sexta feira dia 29 na Katzin Hall, as 19.30) e': Debussy, Sonata para violino e piano e Rapsodia para clar. e piano; Poulenc, Sonata para clar. e piano e Bartok, Contrastes para piano, violino e clar. programa variado e extremamente dificil.
Estou aproveitando da paz e da natureza maravilhosa desses lugares: todo dia acordo cedo, vou correr um pouco e alguns coelhos cruzam meu caminho... ja' vi' também "Road runners" (não sei como se diz em portugues) e MUITOS beija-flor, lindissimos...
Depois, todo dia, vou para a iménsa Arizona State University, onde começo estudar, ensaiar e onde fico ate' a noite.
A companhia dos meus dois queridos colegas e amigos (e da Fernanda, naturalmente!!!) e' muito estimulante, e posso dizer que criamos um clima muito agradavel entre nós...
Ao mesmo tempo, estou trabalhando ja' em algumas peças que estão programadas ao longo da temporada 2010, que talvez sera' a mais rica da minha carreira de solista... Os Concertos de Brahms, de Barber, de Paganini, de Mozart, mais duas series de Concertos de Vivaldi para gravar, tres Cds que vão ser publicados ao longo desse 2010, muitos concertos de musica de camara, a estreia em Nova York, pela "American Society"...fora naturalmente os compromissos com o Quarteto OSESP e com minha querida orquestra. Alias, vai ser uma temporada especial, com um grande ponto alto que sera' a formidavel turné pela Europa; outro dia estava olhando a lista de cidades e de salas... impressionante mesmo...
Estou muito feliz com o rumo que a musica esta' tomando no Brasil, me parece que junto com o País inteiro, a qualidade da musica esta' crescendo sem parar. A OSESP, todas as outras orquestras que melhoram a cada temporada, a nova Companhia da Opera do Maestro Neschling, varias iniciativas didaticas... enfim, da' para olhar para o futuro com otimismo.
Espero logo escrever mais por aqui, um abraço a todos.